“Eu não me identificava muito, eu acho que, pelo que eu via na tv, pelas leituras que eu fazia, eu achava tudo muito limitado, eu não me identificava. Eu queria a vida que eu via na tv, a vida que eu via nos livros e ali pra mim não bastava mais.”
“Eles sempre ficaram: ‘Você não vai cortar o cabelo! Você não vai pra casa de cabelo curto, vai ficar muito feio!’ Eu: ‘Tá bom… mas eu vou cortar!’. Aí eu cheguei aqui, eu acho que cheguei na terça, ou foi na quarta, não lembro. Na sexta-feira eu cortei o cabelo.”
“E eu sempre gostei muito de ler, eu sempre gostei muito de estudar e eu não tinha, eu parei com tudo quando eu casei. Porque eu não tinha tempo. A cobrança era só eu tomar conta dos filhos e da casa. E eu fazia, mas nunca tudo era tão perfeito.”
“Eu tinha sido expulsa de casa, eu tinha cortado o cabelo curto e eu tinha me assumido. Então tipo, juntou as três coisas e falou: ‘Meu Deus, a capital estragou com você. Venha pra cá, venha morar com a gente que você vai voltar a ser quem você era. Você era uma menina tão bonita com cabelo grande!’ Aí eu: ‘Mas eu continuo linda de cabelo curto!”
“Eu acho que aquela menina, eu não identificava como sertaneja. O que eu queria era o contrário do que eu via lá (…). Às vezes, pensar e agir de uma determinada maneira não é uma questão de escolha. É o que você tem, é o que você vê, é o que você sabe. Não tem alternativa.”